Os Nossos Pintores

Acácio Lino – “Pintor do bucolismo rural e de cenas históricas”

“É um dos novos da arte que surge agora na capital do Norte, como uma revelação prometedora, mais do que isso, uma afirmação positiva que já se prova em factos de autenticidade, de valor de um artista que principia por onde muitos não acabam[1]

Acácio Lino segundo a análise de Guedes d’Oliveira, em 1910, como um futuro e promissor nome da pintura portuguesa.

Assim, iniciamos a celebração de Acácio Lino, pintor contemporâneo, nascido a 25 de fevereiro de 1878, na Casa da Pedreira, em Travanca, Amarante.

Desde muito cedo que Acácio Lino revelou apetência para o desenho. Aos nove anos começou por desenhar elementos muito característicos do seu meio envolvente, tais como, flores e frutas.[2] Esse ambiente de infância foi passado em Travanca, uma terra do concelho de Amarante, caracterizada pelas suas paisagens rurais de intensas cores e aromas penetrantes. Por estas paragens Acacinho, diminutivo com que era tratado carinhosamente pela família, regressava sempre que possível para pintar no seu atelier, instalado na casa das Figueiras, os ambientes rurais bucólicos, repletos de fortes cores, onde a vertente naturalista do artista ganhava uma vivacidade inconfundível.

Até atingir a excelência que os seus quadros emanam, o percurso de vida de Acácio Lino foi intenso e verdadeiramente desafiante, pois seguiu o desejo de seu pai, Rodrigo Magalhães, e iniciou os estudos em Medicina, no entanto anos antes, ainda durante a sua juventude e a estadia em casa de seu irmão Albano Magalhães, no Porto, frequentou as aulas de desenho do professor Marques de Oliveira, bem como as aulas de desenho histórico e escultura na Academia Portuense de Belas Artes. Sem grande apoio financeiro de seu pai, Acácio Lino “vendia retratos a craion para pagar as despesas correntes[3].

Alegoria à Pátria, às Artes, à Indústria, à Agricultura e à História de Portugal. 1925.Autoria de Acácio Lino.
Sala Acácio Lino – Palácio de S. Bento, Lisboa.
Fonte: parlamento.pt

Em 1904 partiu para Paris como bolseiro, para aí continuar os seus estudos junto de Jean Paul Laurens e F. Cormon, mestres de quem recebeu uma grande influência na pintura histórica. Antes do regresso definitivamente a Portugal viajou por países como Suíça e Itália. Regressaria à sua pátria, em 1906, candidatando-se ao lugar de professor da Academia do Porto na cadeira de pintura histórica, instituição que o acompanharia ao longo da sua carreira docente, ausentando-se já como professor jubilado.

Estamos assim perante uma personalidade que se destacou na pintura naturalista e histórica, mas também no retrato, nos temas religiosos e ainda na escultura, executando um vasto conjunto de obras para diferentes instituições tanto públicas como privadas e que, atualmente, estão dispersas por museus e espaços muito diversos. Temos como exemplos os painéis presentes na Sala Acácio Lino, no Palácio de S. Bento, em Lisboa, o teto do Teatro de S. João, no Porto, em colaboração com José de Brito, as obras patentes no Museu Amadeo de Souza-Cardoso, assim como na Casa-Museu que recebe o seu nome.

Hoje celebramos um artista muito acarinhado e homenageado em vida pelos seus pares, alunos e familiares, um homem que refletiu nas suas telas um saber único, o da arte do desenho e da pintura tanto histórica como de motivos mais rústicos e animalistas.

Entre as várias homenagens que lhe concederam destacam-se a atribuição de “Grau de Comendador da Ordem de Cristo (1948), (…) a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Belas-Artes, em 1927, a Comenda da Ordem de Sant’Iago da Espada e a Medalha de Ouro de Mérito Artístico da Cidade do Porto, em 1940 e 1941.”[4]

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[1] Trecho de um artigo sobre o pintor Acácio Lino da autoria de Guedes d’Oliveira. In O Occidente – Revista Ilustrada de Portugal e do Estrangeiro. 33º ano – XXXIII volume – Nº1138.

[2] Lino, A. (1951). Recordando… Tipografia Alves & Novais. Porto.


Sofia Mesquita,

Stay to Talk Instituto de Imersão Cultural