Os Nossos Pintores

António Carneiro – “As paisagens que se transformam em estados de alma”

O que sente ao olhar para uma paisagem como esta?

Mistério, transcendência, espiritualidade?

Sem título. António Carneiro.1915
Fonte: Centro de Arte Moderna Gulbenkian

António Carneiro foi um artista que trabalhou com o invisível e com a matéria transcendente, para além dos muitos retratos que produziu a paisagem foi uma das temáticas mais patentes na sua vasta obra pictórica.

Paisagens que revelam diferentes estados de alma e geografias que nos transportam rapidamente para as linhas do mar, mas também para os interiores rurais portugueses.

Um desses interiores, que se viria a revelar um dos ateliers ao ar livre, era Amarante, mais concretamente o Solar de Gatão, refúgio rural e casa forte do poeta Teixeira de Pascoaes. A relação de amizade entre Carneiro e Pascoaes assentava em muitos pontos comuns, entre eles a “inquietação dos longes, das distâncias, das ausências, dos seres espectrais, sombrios, e das paisagens do espírito, enfim do saudosismo entendido como metafísica exemplar.”[1]

Após a saída de Teixeira de Pascoaes da direção da revista A Águia, em 1917, facto que precipitou o retiro do poeta de Marânus para o seu solar familiar, António Carneiro deslocava-se com mais frequência para as encostas do Marão, para aí visitar o seu amigo poeta e produzir trabalhos de desenho e pintura (Castro, 1997).

Ao longo de vários passeios a pé, bem demorados, o poeta e o pintor teciam diálogos, onde o Marão, o casario amarantino e o caudal do rio Tâmega preenchiam a tela de um quadro vivo, mas também acabariam por marcar a escrita de um e as pincelas de outro. Para além das paisagens naturais maranas, o Retratista das Almas, partilhava momentos intimistas e meditativos em longos serões junto à lareira, uma forma de aceder aos tempos da primeira infância.  

Com estes retiros marânus, António Carneiro aproveitava para trabalhar e meditar, mas essencialmente para cultivar a amizade com Teixeira de Pascoaes, onde o desenho e a pintura das paisagens, dos ambientes envolventes e das figuras familiares eram uma constante.   

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Castro, L. (1997). António Carneiro. Pintura portuguesa do século XIX. Edições Inapa, S.A.


Sofia Mesquita,

Stay to Talk Instituto de Imersão Cultural